Digitalização na indústria de alimentos e bebidas: dos dados ao valor de mercado

Digitalização na indústria de alimentos e bebidas: dos dados ao valor de mercado

A economia global se recupera em lento compasso, e o mundo sabe disso.

Os efeitos da pandemia, que arrefeceu, mas não estancou, continuarão sendo sentidos pelos diversos segmentos da atividade econômica por algum tempo. No Brasil, a retomada da economia parece ainda mais distante, num horizonte pouco nítido. No relatório Perspectiva Econômica Global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu em 0,7 ponto, para 1,9%, a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2022.

Em meio a crise generalizada, a indústria de alimentos e bebidas é um dos poucos segmentos que se mantém relativamente estável porque comida é a última coisa que se corta de um orçamento. Mas essa premissa não deve servir de muleta para passar, aos solavancos, por estados de crise econômica. Pelo contrário, é importante ter consciência de que o segmento de alimentos e bebidas necessita urgentemente aumentar sua produtividade e ampliar vantagem competitiva para atravessar a crise sem acumular perdas para o negócio no futuro.

Os números refletem que a estabilidade da indústria de alimentos de bebidas não segue de todo preservada. O Índice de Confiança da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) mostrou que as expectativas do setor de bebidas eram melhores em abril de 2021 (52,9) que no mês passado (45,1), enquanto o segmento de alimentos se mantinha confiante, 51 pontos ante 51,8 em março. Já em novembro de 2021, a confiança no segmento de bebidas caiu mais de três pontos para 50,2, e a do setor de alimentos diminuiu em praticamente 1,5 ponto para 56. O indicador estabelece uma linha divisória na pontuação 50, sendo que abaixo deste valor significa desconfiança.

A maioria dos setores consultados pela CNI apresentaram percepções negativas das condições econômicas atuais, ainda que haja certa expectativa positiva para os próximos seis meses. Parte da resposta ao problema da incerteza com a economia está na transformação digital que necessitam as indústrias, e isso inclui alimentos e bebidas. Em resumo, para caminhar rumo a um patamar de atividade econômica mais competitiva, e, por consequência, otimista, é necessário investir na digitalização dos processos de fabricação de produtos.

Digitalização da indústria de alimentos e bebidas

Apesar da grandeza implícita no nome, a transformação digital pode ser iniciada em fases. A revolução, como comprova a história da humanidade, começa com alguns primeiros passos. Voltando aos alimentos e bebidas, a digitalização de fábricas desse segmento no Brasil podem começar pela extração e organização dos dados gerados pelas máquinas.

Esses dados podem ser transformados em informações decisivas para o aumento da produtividade. Com aplicações da ABB como o Manufacturing Execution Systems (MES), os profissionais da planta integram os dados sobre o comportamento das máquinas, das linhas de produção e de outras áreas da fábrica para fazer diagnósticos e desenvolver modelos mais assertivos para uma produção que precisa, ao mesmo tempo, entregar um produto padronizado e com alta qualidade.

A análise de dados possibilitada pelo MES resulta em ganhos palpáveis para o negócio, um deles é a previsibilidade com relação a eventuais falhas em máquinas. Isso significa que em vez de realizar manutenções periódicas em máquinas e outros ativos, e com isso parar a produção, o profissional consegue prever quando um equipamento vai falhar e programar uma manutenção específica.

O valor de uma digitalização dos processos de manutenção e supervisão está no fato de garantir que a produção continue ativa por mais tempo. Este é um aspecto da digitalização que significa um retorno significativo, sobretudo se aplicado em escala de uma indústria onde padronização é ativo de competitividade.

A transformação digital da indústria é caminho sem volta, realidade inevitável, e o momento de retomada, ainda que tímida, da economia parece ser o ideal para aqueles setores que ainda desfrutam de certa estabilidade darem os primeiros passos.

Raphael Haddad
Digital Leader Brasil para indústrias de processos e Vice-diretor de automação da ABINEE, já atuou como Gerente de Produtos de automação da ABB e como responsável pela área de automação para o segmento de Alimentos & Bebidas e Data centers. Engenheiro pela escola de Engenharia Mauá, com pós-graduação pela Fundação Getúlio Vargas (CEAG), curso extensão em administração pela EABS (Euro America Business School). Certificação recebida pelo IBGC (Conselho de Administração) e GAFM (Global Academy of Finance and Management). Porta-voz da ABB para entrevistas, principalmente focando na tecnologia e na indústria 4.0. Experiência de 15 anos, com passagem pelo R&D da ABB na Suécia.

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