O projeto de modernização da planta está pronto: objetivo estabelecido, estudos de viabilidade concluídos, necessidades críticas identificadas, resultados projetados, custos calculados e sistemas digitais contratados. Algo semelhante ocorre, e bem, no projeto de uma nova planta, tudo pronto para rodar. Ambos os projetos começam a se concretizar, mas paira no ar uma pergunta importante: como os profissionais vão transformar os dados e variáveis recebidas no computador em redução do consumo de energia?
A digitalização do gerenciamento de energia na indústria é objeto de desejo e não é para menos. Benefícios como a redução dos custos, o aumento da eficiência dos ativos e preservação do ciclo de vida dos equipamentos que um projeto de digitalização promete são, de fato, dignos do interesse de qualquer industriário.
Além disso, há ainda questões perenes sobre demanda global e impacto ambiental que exigem da indústria rápida resposta, e com alta tecnologia.
Dois motivos principais para digitalizar o gerenciamento de energia
1. Grandes poderes trazem grandes responsabilidades. As fontes de energias renováveis trazem à humanidade uma oportunidade incrível: o poder de produzir (e consumir) mais eletricidade no mundo e ao mesmo tempo diminuir as emissões de gás carbônico. Por outro lado, tais fontes de energia têm uma característica em comum: sua sazonalidade e imprevisibilidade. Tais características geram um cenário de alta complexidade em gerenciar a matriz energética de um país, ou de uma planta industrial. A grande responsabilidade é balancear o aumento de demanda energética com a inconstância da geração elétrica, e ao mesmo tempo fazê-lo de forma a otimizar os processos industriais.
Em linhas gerais, este é o cenário para as indústrias do mundo. Em números, significa um crescimento de 3% da demanda mundial por eletricidade nos próximos três anos, como projeta a Agência Internacional de Energia (AIE). O órgão ainda prevê que as fontes renováveis devem atender a maioria da demanda global até 2025.
Diante de tanta grandeza e expectativa, a digitalização do gerenciamento de energia não é mais algo negociável, um aspecto da produção que possa ficar de fora. Isto é, o fato de ser o objeto de desejo não faz da digitalização um artigo de luxo, mas um item de primeira necessidade. É difícil imaginar um cenário onde se consiga balancear a complexidade da geração com o aumento da demanda por eletricidade sem um sistema digital de gerenciamento de energia.
2. Uma questão de sustentabilidade. No Brasil, a indústria responde por mais de 30% do consumo final de energia. Apesar de avançar em eficiência energética, ainda há muito espaço para o setor produtivo brasileiro crescer em otimizações do consumo. Relatório da Empresa de Pesquisa Energética, o Atlas da Eficiência Energética 2022, mostra que a eficiência energética da indústria aumentou em 4,6% em 2021 ante 2005, ano base do ODEX, indicador que mede o progresso da eficiência energética.
Vale a máxima: elétron mais benéfico ao meio ambiente é aquele que nunca foi utilizado. Portanto, focar em eficiência energética da indústria é a forma mais inteligente de contribuir para o meio ambiente – se não houver necessidade de produzir aquele kWh, não será necessário emitir nenhuma molécula de CO2.
Por outro lado, estudos mostram que apesar do grande progresso já atingido, o caminho ainda é longo. Uma pesquisa internacional encomendada pela ABB e divulgada em 2022 mostra que 96% dos 765 líderes empresariais entrevistados acreditam que a digitalização é “essencial para a sustentabilidade”. No entanto, menos da metade (35%) afirmou já implementar soluções em escala.
Dados em prol do consumo eficiente de energia
Se o consumo energético é um dos principais vetores de competitividade da indústria, gerenciá-lo com segurança e otimizá-lo de forma a ganhar financeiramente está intimamente ligado com a digitalização. Isso porque é a digitalização que vai reduzir custos, aumentar a produtividade e possibilitar diagnósticos mais precisos.
As soluções digitais e de automação da ABB são testadas e aprovadas por clientes ao redor do mundo, ajudando-os a suprir suas necessidades de geração e de eficiência energética. Um exemplo são os já reconhecidos sistemas da família Unitrol para excitação. Eles permitem novas aplicações, são sistemas escaláveis, livremente configuráveis e com funções de controle integradas ao software. Com o equipamento Unitrol é possível, por exemplo, realizar manutenção preditiva, somente quando necessário.
Outra forma de obter eficiência energética é aplicar o ABB AbilityTM OPTIMAX®, a plataforma de gerenciamento e otimização de energia em tempo real que dispõe de várias soluções de controle energético - da administração mais simples até situações mais complexas com diversas fontes de energia e de consumo.
Todos esses recursos agregam décadas de experiência global e continuam sendo aprimorados. As ferramentas estão disponíveis, mas a digitalização de fato acontece quando há condições de transferir a expertise dos operadores mais experientes da planta para uma linha de comando no computador. De fato, não é possível gerenciar nada sem ter os dados digitalizados, mas a beleza digitalização está em o que fazer com esses dados.
Sobre o Autor
Leandro Monaco, Global Head of Digital Sales – Sustainability, Energy Industries.