É importante, porém, atentar para o fato de que, mais do que investimento em tecnologias de ponta, a digitalização de uma fábrica só pode ser concretizada se o conhecimento técnico dos profissionais acompanhar os avanços em equipamentos. Em instrumentação e analítica, área predominantemente dedicada ao controle dos diferentes processos industriais, cresce a necessidade por profissionais treinados em digitalização específica para controle dos diversos elementos da produção industrial.
Ainda sobre o mercado de trabalho, a estimativa é que falte mão de obra digitalizada, seja no controle dos processos ou em outros níveis de produção. Um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em parceria com a agência alemã GIZ, aponta que até 2023, a demanda por profissionais com competências digitais será de 400 mil novos postos de trabalho. No entanto, somente 106 mil dessas vagas deverão ser preenchidas, o que representa uma lacuna de 74% entre demanda e oferta no Brasil. É inadiável, portanto, identificar não só de onde tirar mão de obra qualificada como também entender quais são as especialidades que dão conta de um profissional que entrega essas competências digitais.
No caso de instrumentação analítica, espera-se que o profissional dessa área possua experiência com tecnologia convencional para então emergir nas especificações encontradas no controle dos processos industriais. Trata-se de uma aliança entre conhecimento tecnológico convencional e aplicações específicas, e nessa relação tanto o profissional quanto a organização terão suas contrapartidas de cooperação. Isso significa que a indústria que já dispõe de instrumentos e analisadores compatíveis com a indústria 4.0 precisa encaminhar sua mão de obra para operar esses ativos de maneira que a produtividade aumente e o risco diminua. E será necessário investimento por parte das indústrias na formação de seus funcionários. O Fórum Econômico Mundial estima que nos próximos quatro anos, pelo menos 50% dos trabalhadores de empresas de médio e grande porte precisarão passar por requalificação, ao passo que 95% das empresas brasileiras irão adotar tecnologias como inteligência artificial.
Em se tratando de riscos, a contrapartida humana na análise pode ser um divisor de águas na produção industrial. Isso porque a análise, controle e verificação de equipamentos e máquinas requer o olhar atento que o computador não pode substituir. Nessa união de velocidade e atenção aos detalhes, certos componentes evoluem lado a lado: experiência e conhecimento do segmento, interface amigável, sistema seguro e informação com exatidão que possibilita ao operador fazer diagnósticos corretivos e preventivos com mais agilidade e assertividade.
Controle digital: Brasil x Mundo
Na área de controle de ativos industriais, segmentos do Brasil como petroquímica, papel e celulose demonstram maior avanço em digitalização. E setores como a indústria alimentícia ainda podem avançar mais na utilização de novas tecnologias.
No mercado global, a mão de obra está qualificada em geral com as competências digitais, mas ainda faltam adequações específicas para lidar com os ativos e situações diversas de controle. Desenvolver um perfil multidisciplinar para conduzir projetos de automação, eletrificação e mecânica nunca vai deixar de ser necessário, mas é tempo de ampliar a qualificação de mão de obra para realidades mais específicas de instrumentação analítica.
Nesse sentido, a ABB desenvolve tecnologias, produtos, mas também cultiva uma rede de profissionais com alto nível de expertise em digitalização de controle de processos industriais. Trata-se de um organismo cuja função é desenvolver e compartilhar os conhecimentos em um tipo de trabalho que oferece a solução tecnológica e ensina outros profissionais do segmento de instrumentação e analítica da indústria a explorar o seu potencial ao máximo.
A equipe de especialistas da ABB oferece consultoria adequada às necessidades particulares da planta, treinamentos e ferramentas gratuitas disponibilizadas em plataformas online. Os trabalhos de formação são voltados para a prática com drives, PLCs e soluções de motion control.
O conhecimento sobre aspectos específicos da digitalização é fundamental para a indústria brasileira, que ainda se esforça para progredir em meio a sucessivas crises, locais e globais. Ao pensar em adquirir equipamentos com tecnologia de ponta, é fundamental considerar quais os conhecimentos envolvem o seu funcionamento e, sobretudo, o seu controle.
Elias Torres
Desde 1987 atuando na Área de Instrumentação de Processos, iniciou na ABB Brasil em Maio de 1995. Possui formação em Técnico Eletrônica – Oswaldo Cruz, Engenharia Automação Mecatrônica – Universidade Bandeirantes. Também possui MBA – Gestão de Negócios – FIA, Processos de Combustão – IPT, Análitica de Líquidos – ABB Inglaterra e em Posicionadores e Atuadores – ABB Alemanha, Transmissores de Pressão – ABB Itália e, por fim, em Computadores de Vazão: ABB USA.