À indústria brasileira: última chamada para a transição energética

À indústria brasileira: última chamada para a transição energética

É direito da indústria brasileira se desenvolver, mas os desafios climáticos impõem uma pergunta importante: como progredir sem prejudicar ainda mais o meio ambiente? Esta não é apenas uma questão de sobrevivência das próximas gerações, mas é, em igual medida de importância, uma questão de sobrevivência do setor produtivo brasileiro.

Os números dão a dimensão da urgência em combater as mudanças climáticas. Recentemente, a União Europeia anunciou que se compromete a investir 45 bilhões de euros para que países da América Latina acelerem sua transição verde e digital. Isso significa aporte financeiro para projetos de proteção de florestas, infraestrutura, transição digital e energias renováveis.

No caso de energias renováveis, há o velho conhecido desafio por causa de uma conta que não fecha com facilidade: alta demanda versus finitude dos recursos. Soma-se a isso a recente crise no abastecimento de gás para a Europa provocada pela guerra na Ucrânia, o que intensificou o desejo da UE por uma transição energética também nos países da América Latina.

Não faltam evidências, seja do ponto vista climático, geopolítico ou econômico, de que é necessário acelerar a transição da matriz energética para fontes renováveis. E o Brasil está à altura desse desafio principalmente porque dispõe em esmagadora maioria de fontes de energia renovável, de toda a energia elétrica gerada e consumida no país, mais de 80% são de fontes renováveis.

Ainda é preciso, no entanto, instrumentalizar propriamente a indústria do país para que ela não só evite desperdício no consumo de energia, mas também lidere a geração e a cogeração de energia limpa com eficiência. E isso não se faz sem um projeto adequado de digitalização.

Biomassa: cogeração de energia com digitalização de processos

Em termos de transição para energia renovável, uma ação importante para aplacar tanto as emissões de gases de efeito estufa quanto os elevados custos de consumo é a incorporação de fato da cogeração de energia a partir de biomassa nos processos industriais.

Empresas de diferentes setores já fazem uso da cogeração de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Dados da COGEN (Associação da Indústria de Cogeração de Energia) apontam que o bagaço da cana representa 60,5% de toda a cogeração realizada no Brasil. Ainda assim, em dezembro de 2022, a cogeração nacional em operação comercial, considerando inclusive projetos de biomassa, atingiu o equivalente a 10,8% da matriz elétrica do Brasil. Ainda há muito espaço para crescer no Brasil, e a tecnologia é integrante inseparável deste processo de evolução.

Para garantir energia renovável com segurança e disponibilidade, a ABB aplica décadas de experiência, conhecimento e pesquisa no monitoramento dos muitos parâmetros envolvidos na geração e consumo. E essas tecnologias podem ser aplicadas em projetos de cogeração de energia a partir de biomassa.

São soluções digitais e de automação pré-testadas para suprir necessidades de geração e eficiência energética, controle e de otimização de processos. Na área de excitação, há, por exemplo, os sistemas da família Unitrol, reconhecidos no mercado por sua confiabilidade e robustez. Esses sistemas permitem novas aplicações, são escaláveis, livremente configuráveis e com funções de controle integradas ao software. Possibilitam, por exemplo, a realização de manutenção preditiva, ou seja, parar o ativo somente quando necessário, e a melhoria de performance das unidades geradoras.

Outra solução que pode também ser usada na geração a partir de biomassa é o ABB Ability Optimax, uma plataforma de gerenciamento de energia que dispõe de várias soluções de controle energético - da administração mais simples até situações mais complexas com diversas fontes de energia e de consumo - em localidades espalhadas pelo país ou em diferentes regiões do mundo.

Soma-se a todo esse aparato o sistema 800xA, o coração da automação da ABB. O 800xA é mais do que um sistema de controle distribuído (DCS), é uma ferramenta de controle do sistema elétrico que reduz custos ao conectar dispositivos inteligentes. Ele oferece acesso a informações abrangentes sobre as subestações, eleva a segurança com a possibilidade de manutenção à distância e garante a eficiência energética porque entrega uma visão geral clara da distribuição de energia. Em resumo, esse sistema oferece recursos e inteligência fundamental para garantir disponibilidade dos ativos.

A cogeração de energia renovável está crescendo, mas é necessário, face a todas as condições citadas neste texto, acelerar o ritmo para que a sustentabilidade seja efetiva e ampla em uma das áreas mais críticas para a produção industrial no mundo: o consumo de energia.
Antonio Carvalho, Digital Lead no segmento de Energy Industries na ABB Automação

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