Estágio de amadurecimento da indústria brasileira em digitalização

Estágio de amadurecimento da indústria brasileira em digitalização

A digitalização nos diferentes setores da indústria brasileira não avança de maneira uniforme.

Enquanto alguns segmentos já despontam com a incorporação de processos digitais, outros ainda estão em fase de considerar sua entrada nesse universo. Um estudo da ABB mapeia a curva da digitalização no setor produtivo mundial. Segundo o levantamento, as indústrias mais consolidadas em processos digitais são as de Tecnologia da Informação e Comunicação (ICT, na sigla em inglês).

Se aproximar mais a lente, indústrias dos segmentos automotivo e de química também avançam em operações digitalizadas, enquanto setores de mineração, alimentos e bebidas e agronegócio ensaiam movimentos mais tímidos. No campo do debate, a transformação digital se tornou termo popular, mas falta ainda às empresas brasileiras reservarem lugar para ela acontecer em suas rotinas de produção. E a digitalização é um caminho sem volta, e sem ela a sobrevivência do negócio está ameaçada.

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A transformação digital é ingrediente insubstituível para elevar a competitividade da indústria brasileira. E falta ao Brasil dar alguns passos além de sua posição de um dos maiores produtores mundiais de alimentos e commodities para alcançar um novo patamar de indústria de transformação com alto valor agregado.

E há condições para desenvolver a capacidade brasileira de agregar valor com competitividade. É preciso primeiro subverter a disseminada e robusta orientação para manter uma abordagem protecionista, cujo foco é criar barreiras a produtos externos e não focar em como tornar o produto brasileiro mais competitivo.

Menos rigidez, mais aprendizado

Uma rigidez implacável ainda é predominante nos modelos organizacionais e na gestão de portfólio e ativos. E isso desencoraja um processo de digitalização de ser minimamente iniciado. Soma-se a isso a complexidade das relações hierárquicas, as muitas camadas que separam os usuários das tecnologias de seus desenvolvedores e a ultrapassada cultura que pressiona para evitar o erro a qualquer custo, inclusive por meio da experimentação.

Essa abordagem inflexível está ultrapassada porque a agilidade que os avanços tecnológicos propiciam aos processos, também, permite aos profissionais desenvolver, testar e corrigir rapidamente, se for o caso. Nesse sentido, uma lógica de produção que desincentiva assumir o risco não é mais adequada neste novo tempo em que prevalece a metodologia da agilidade. Esses são aspectos que são incutidos a partir de uma liderança que também foi transformada e que vislumbra competitividade.

O papel do líder

Na indústria do Brasil e do mundo, os processos de digitalização somente vão render frutos se orientados por lideranças interativas. Isso significa líderes que conduzem direcionamentos mais adaptativos com maior frequência, que saibam substituir o plano e estimativas por dados digitais. Essa é uma característica que deve predominar, principalmente, entre os negócios de IT. É necessário ainda que esse líder trabalhe focado em compartilhar responsabilidades com as pessoas de sua equipe, com o objetivo de estimular a produtividade e a cultura da melhoria contínua.

Com o tempo e os avanços tecnológicos, o mercado de trabalho ganhou uma amplitude sem precedentes. Somente na área digital, um estudo de 2021 da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) sobre profissões emergentes identificou 53 ocupações em quatro setores analisados: tecnologia da informação, indústria de transformação e serviços produtivos, agricultura e saúde. Algumas profissões que se destacam são: programador/coder, cientista de dados e analista de segurança cibernética, expert em digitalização industrial, operador digital, técnico em agronegócio digital, engenheiro agrônomo digital e engenheiro de dados da saúde.

Há uma quantidade extraordinária de diferentes perfis de operação. Cabe ao líder, portanto, realizar a proporção entre a especialidade tradicional e a especialidade técnica de sua equipe. Todos os elementos de uma organização terão essas duas componentes em proporções distintas.

DNA de automação

Em caso de expertise para digitalização, o gene de automação da ABB, que é líder mundial em Distributed Control System (DCS) há mais de 20 anos, é a principal causa que a diferencia de outras empresas. Todo o recurso de automação da ABB está sob o viés da inevitável digitalização.

O resultado é uma abordagem única de todo o processo de automação e digitalização, que consegue prover soluções completas a uma indústria e assegurar que o investimento será preservado ao longo do tempo.

O diagnóstico é claro: para serem competitivas, e até sobreviverem, as indústrias brasileiras precisam não mais falar sobre transformação digital, mas amadurecer em sua prática. E não haverá amadurecimento se faltar reflexão crítica do negócio, do mercado, do setor e clareza do valor que se pretende alcançar.

Wilson Monteiro
Wilson has been with ABB for more than 25 years over two career spans and has held several management positions including Country Managing Director for ABB in Peru. He is currently Local Division Manager, Process Industries, Peru. Wilson holds an Electronics Engineering degree and a postgraduation in Automation and Artificial Intelligence from Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), Brazil.

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