A ampliação do uso de fontes renováveis de energia no Brasil e no mundo segue seu curso em meio a acordos internacionais para redução de emissões, e o setor de petróleo e gás faz parte dessa caminhada também como um segmento que precisa redefinir estratégias para reduzir seu impacto ambiental.
A pressão para reduzir a participação da indústria petroleira nas emissões de gases de efeito estufa é grande e justa. O setor de energia no Brasil, com o seu potencial para fontes de energia renováveis, ainda está entre os mais poluentes. Segundo dados do Observatório do Clima, o segmento ocupa o terceiro lugar como principal fonte de emissões. Mas as indústrias desse segmento precisam enxergar a cobrança como um sinalizador de um caminho além.
A demanda por petróleo e gás continuará existindo expressivamente nas próximas décadas, seja como fonte de energia ou como matéria para todo tipo de produto, de brinquedo à beleza, e na esteira disso a produção brasileira também vai experimentar um significativo crescimento. Estimativas do plano energético brasileiro apontam para um crescimento de 63% da produção no país até 2032.
Por outro lado, a balança entre combustíveis fósseis e energias renováveis não é, e nem vai ser, equilibrada. Se hoje a bola está com a indústria petroleira no quesito expansão da produção e da demanda, em um futuro próximo essa mesma bola pode estar no domínio das fontes renováveis de energia.
A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que o pico da demanda por petróleo será em 2029, de precisamente 105,6 milhões de barris por dia (bpd), seguido por um excedente de oferta em 2030, de 114 milhões de bpd. A projeção reflete esse já comentado contexto global de acordos para reduzir a dependência de combustíveis fósseis que evolui com o tempo. O compromisso proposto pela ONU do qual o Brasil é signatário almeja zerar as emissões até 2050. Certamente que, para isso, as energias renováveis vão precisar assumir um espaço cada vez maior.
Combustíveis fósseis e energias renováveis à mesa
A relação entre fósseis e renováveis, no entanto, pode ser mais próxima e os sinais dessa aproximação estão em como o setor de energia movimenta conversas, dentro e fora do Brasil.
Um exemplo é a edição de 2024 da Rio Oil & Gas, um dos eventos mais importantes do setor de energia do Brasil. Rebatizada de ROG-e, a conferência está em busca de, como a própria organização defende, aumentar o espaço para “mais inovação, mais energia”. O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, afirmou que o evento agora reformulado no nome busca representar “a diversidade das fontes energéticas”.
É hora, então, do setor de petróleo e gás redefinir suas estratégias para usufruir da expansão que aproxima de forma consciente para se manter competitivo na fase de retração que pode vir a seguir. E uma das principais frentes em que o setor pode obter vantagem é na eficiência energética de suas operações, algo que não se faz sem investimento em tecnologia.
As licitações do governo para projetos no Brasil, que é referência global em produção e exploração de petróleo, já estão sendo estruturadas com base em digital, qualidade e segurança da performance e em sustentabilidade. Este último quesito é possível de ser concretizado com tecnologia aplicada à gestão do consumo de energia.
Gerenciamento digital do consumo
Uma forma da indústria de petróleo e gás obter eficiência energética é operar com o ABB AbilityTM OPTIMAX®, uma plataforma de gerenciamento e otimização de energia em tempo real que dispõe de várias soluções de controle energético - da administração mais simples até situações mais complexas com diversas fontes de energia e de consumo.
O Optimax traz para a operação confiabilidade, melhor controle de cada variável e melhor performance em termos de custos de saída.
Em meio a mudanças na matriz, necessárias cobranças por descarbonização, repensar o consumo de energia pelo setor de petróleo e gás é, no mínimo, o básico que o segmento precisa fazer para preservar sua competitividade pelos próximos anos.
Sobre o autor
Renato Martins, Diretor da Divisão de Energia no Brasil