O chamado à ação para a eficiência energética

O chamado à ação para a eficiência energética

Brasil, que já é destaque mundial na geração de energia renovável, pode também protagonizar o uso eficiente da eletricidade

O Brasil tem uma posição privilegiada na geração global de energia elétrica descarbonizada, com cerca de 78% da eletricidade produzida no país oriunda por fontes limpas e renováveis(1), como hidroeletricidade, energia solar, eólica ou biomassa.

Isso dá ao país uma vantagem importante no esforço global de zerar as emissões e limitar a temperatura do planeta nos termos do Acordo de Paris, que passam, necessariamente, pela substituição de fontes fósseis por renováveis na geração de eletricidade.

Dessa forma, o desafio do Brasil de substituir usinas termelétricas que operam a diesel e gás natural, será muito menos complexo, comparativamente, em relação ao trabalho a ser feito na Europa e especialmente na Ásia, regiões do mundo ainda dependentes em grande medida de energia fóssil.

A neutralidade de emissões e o controle da temperatura também dependem de melhorar o uso da energia em escala global, para garantir o atendimento da demanda por eletricidade projetada para o futuro e reduzir as emissões da indústria de transformação, que tem desafios muito significativos diante de si.

Os cerca de 300 milhões de motores elétricos existentes em operação no mundo, a maioria em fábricas que produzem os mais variados bens, consomem 45% da eletricidade mundial. Em 2050, quando a população da Terra tiver mais de 9 bilhões de pessoas, a maioria em países que estão elevando rapidamente seus níveis de consumo e renda, estima-se que a demanda por motores na indústria seja o dobro da atual.

Assim, racionalizar o emprego de energia nesses equipamentos é central para garantir as metas ambientais, mas também para assegurar a sustentabilidade da economia mundial, de forma que ela siga oferecendo empregos, renda, condições de vida às pessoas e os bens que são necessários à vida moderna.

Nesse ponto, novamente, o Brasil está na frente. O país é um dos poucos no mundo a contar com uma regulamentação que permite somente a comercialização de motores elétricos dentro do padrão mínimo de eficiência energética conhecido como IR3, que já são muito eficientes.

Ainda são necessárias, no entanto, medidas de estímulo à adoção de outras tecnologias com eficiências superiores como por exemplo os motores já disponíveis nas categorias IE4/IR4, IE5 e IE6 e também precisamos aumentar o percentual de utilização dos inversores de frequência que são capazes de ajustar o torque e o consumo energético à exata necessidade da aplicação do equipamento.

Claro que depende do escopo de cada projeto, mas, de forma geral, a troca de motores por modelos mais eficientes, a incorporação de inversores e a adoção de automações que elevam a eficiência produtiva, produzem uma redução imediata no consumo de energia da ordem de 20 a 30%.

Muitas empresas no Brasil, percebendo esses benefícios, realizam por conta própria investimentos em eficiência energética, que acabam, aliás, se pagando em pouco tempo. Mas ainda há muito a fazer, dado o fato de o nosso parque industrial datar dos anos 1960.

Se esse esforço for amplificado por indústrias, provedores de tecnologias e governos, o Brasil terá condições de liderar a promoção da eficiência energética no mundo, muito além da geração limpa de energia.

Sobre o autor

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Marcelo Palavani - Diretor da ABB Motion, divisão da ABB especializada em motores e inversores de frequência elétricos, para o Brasil

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