A pressão por reduzir emissões, aumentar a segurança e manter a produtividade em um cenário de ativos cada vez mais complexos e remotos exige mais do que automação, exige inteligência operacional.
Em plataformas offshore, por exemplo, a distância e as condições extremas se colocam como um empecilho à tomada de decisão rápida e precisa, e a falta de agilidade e de assertividade podem ser um fator de risco para a continuidade das operações. Em um contexto de grande volume de informações, e todas ao mesmo tempo, modelos tradicionais de automação já não são suficientes para lidar com a complexidade de dados gerados por processos agora interconectados. Por isso, a necessidade de aplicar inteligência artificial (IA) para que as tecnologias operacionais sejam autônomas, assim como o profissional que lida com elas e precisa de visão macro para trazer valor ao negócio.
De acordo com o estudo “Artificial Intelligence (AI) in Oil and Gas Market Size and Forecast 2025-2034” da Precedence Research, o mercado global de IA no setor de óleo e gás deve alcançar US$ 25,24 bilhões até 2034 e o valor desse segmento setor de petróleo e gás deve crescer a aproximadamente 14,2% por ano de 2025 a 2034, apontam estimativas. Esse avanço é reflexo direto da necessidade de análise preditiva, otimização de processos e monitoramento remoto, pilares que já refletem a nova realidade operacional do setor.
Outro dado relevante vem de um relatório da IBM, que mostra que 44% das organizações upstream já utilizam IA, enquanto 45% dos consultados planejam implementá-la nos próximos três anos. Já no downstream, 41% das refinarias já adotaram IA, e 52% pretendem implementar em breve. Esses números indicam uma mudança clara de que a IA passou de promessa tecnológica a instrumento estratégico de eficiência e confiabilidade.
Operações automatizadas, mas também autônomas
A diferença entre um sistema automatizado e um sistema autônomo vai muito além da semântica. Enquanto o primeiro executa tarefas predefinidas dentro de regras rígidas, o segundo é capaz de perceber, entender, decidir e se adaptar a situações imprevistas para aprender continuamente com dados e experiências anteriores.
O avanço de técnicas como machine learning, deep learning, reinforcement learning e, mais recentemente, IA generativa, eleva a automação para um modelo mais inteligente, conectado e independente.
Na ABB, essa transformação se materializa em um ecossistema de soluções que combina controle avançado, digitalização e inteligência artificial. O ABB Ability™ System 800xA, por exemplo, possibilita monitorar e operar plantas complexas de forma remota, o que inclui plataformas desabitadas, com total integração entre tecnologia operacional (OT) e tecnologia da informação (IT).
A aplicação de modelos como ABB Ability™ System 800xA, com extensões autônomas e IA integrada, retorna ganhos de eficiência energética para o negócio. Isso porque o 800xA tem a capacidade de analisar continuamente o consumo energético e as condições operacionais do processo e ajustar automaticamente variáveis de controle como carga de compressores, vazão de bombas, temperatura e pressão.
Outras ferramentas disponíveis como o Anomaly Detector, o Knowledge Extractor e o Process Predictor, alimentadas por IA, já auxiliam empresas a antecipar falhas de equipamentos e de processos, reduzir riscos operacionais e otimizar decisões em tempo real para criar ambientes mais seguros e eficientes. Em muitos casos, essas soluções possibilitam reduzir até 30% dos custos associados ao ciclo de vida das instalações e minimizar significativamente a exposição de pessoas a riscos, como indicam estudos da ABB e da International Association of Oil & Gas Producers.
Além de eficiente, uma operação industrial baseada em automação e autonomia se aproxima mais dos seus objetivos de descarbonização. Um exemplo do que é possível fazer em relação à redução das emissões é o uso dos modelos de IA embarcados em plataformas como o ABB Ability™ Genix Industrial Analytics.
Essa plataforma de análise permite que o sistema autônomo preveja e evite situações que aumentariam as emissões, entre elas o superaquecimento de fornos e o excesso de gás queimado.
A autonomia, no entanto, não é um ponto final, é uma jornada. E cada empresa pode evoluir gradualmente, da automação tradicional para operações remotas, até chegar ao mais alto grau de autonomia possível com as tecnologias existentes.
Sobre o autor

Antonio Carvalho, Digital Lead no segmento de Energy Industries na ABB Automação