Que caminho temos de percorrer para consolidar a mobilidade elétrica?

A mobilidade sustentável desafia-nos a repensar a forma como nos deslocamos e como ocupamos o espaço urbano. Ao questionarmos a nossa dependência dos combustíveis fósseis, estamos a abrir caminho para soluções mais sustentáveis e eficientes, como por exemplo os veículos elétricos.

Por Rui Ferreira, Líder da Electrification da ABB Portugal
Por Rui Ferreira, Líder da Electrification da ABB Portugal
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Estas reflexões tornam claro que a transição dos veículos movidos a combustíveis fósseis para soluções elétricas é essencial, pois permite combater as alterações climáticas e promover um modelo de transporte mais sustentável e eficiente. No entanto, esta transformação não se limita apenas à adoção de carros elétricos. Para que esta mudança seja bem-sucedida, é necessário investir de forma estratégica na infraestrutura de carregamentos e nas tecnologias associadas.

Felizmente, em Portugal, esta transição tem sido acompanhada por avanços significativos. O aumento da utilização de veículos elétricos impulsionou o crescimento da infraestrutura de carregamento, que conta atualmente com cerca de 6.900 postos públicos, que representam, aproximadamente, 14.000 postos de carregamento em todo o país.

Ainda assim, acredito que existe um longo caminho a percorrer para garantir que a rede de carregamento corresponde à crescente procura. É fundamental assegurar um acesso prático e seguro aos utilizadores, de forma a evitar o chamado range anxiety (receio de que a bateria se esgote antes de se chegar ao destino).

Neste contexto, a evolução tecnológica tem sido muito importante. Os carregadores ultra rápidos resolveram um dos maiores obstáculos à mobilidade elétrica: os longos tempos de espera. Com potências que podem atingir 1,2 MW, agora é possível reduzir significativamente o tempo de carregamento, o que beneficia tanto os utilizadores particulares como as empresas.

Para reforçar esta evolução, as soluções de carregamento tornaram-se também mais flexíveis. Atualmente, existem opções que vão desde unidades domésticas de carregamento, a carregadores rápidos de utilização comercial, que permitem aos utilizadores escolher a opção que melhor se adapta às suas rotinas. Esta diversidade é essencial para acelerar a adoção generalizada de veículos elétricos.

No entanto, é importante salientar que a mobilidade elétrica não se limita ao consumidor individual. O setor logístico, por exemplo, também enfrenta desafios nesta transição. As empresas dependem de um transporte rápido e fiável, o que exige a renovação das frotas com camiões elétricos e o desenvolvimento de infraestruturas especializadas, resultando em investimentos significativos. Neste sentido, os postos de carregamento ultra rápidos são essenciais para reduzir os tempos de paragem, garantir a eficiência operacional e ajudar as organizações a reduzir a sua pegada de carbono.

Para responder a estes desafios, estão a ser desenvolvidas iniciativas piloto para integrar estações de carregamento rápido nos próprios centros logísticos. Esta solução permite que os camiões elétricos sejam carregados durante as operações de carga e descarga, otimizando o tempo disponível.

Ainda que a transição para a mobilidade elétrica represente um desafio global, as soluções devem ser pensadas a nível local. A implementação de infraestruturas ajustadas às necessidades regionais, numa lógica de "local para local", permite responder melhor à procura, evitar falhas na cadeia de abastecimento e reduzir o impacto ambiental.

O futuro da mobilidade elétrica exige mais do que veículos sem emissões: requer uma rede de carregamento robusta, tecnologia avançada e uma estratégia coordenada entre governos, empresas e cidadãos. Será necessário um investimento estratégico e uma ação conjunta para garantir uma transição eficaz para uma rede de transportes realmente sustentável.

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