Investir na digitalização da gestão de energia pode parecer ousado demais dado os custos que indústrias no Brasil arcam para operar no país. Mas parte da resposta para reduzir essas despesas está justamente em investir em tecnologia. Isso acontece porque uma operação com padrões repetitivos automatizados, integrada a um sistema que gera dados, de fato ultrapassa a fronteira da competitividade. O divisor está em como equilibrar investimentos e despesas.
O Custo Brasil, conjunto de despesas, em muitos casos dificuldades, que as empresas encaram para produzir no país pode retirar até R$ 1, 5 trilhão das indústrias brasileiras, segundo informações da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Isso significa 20,5% do PIB. Este montante, que vai para consumo de energia e outras despesas para superar dificuldades estruturais e logísticas, se coloca como uma pedra de tropeço para a competitividade.
Diante disso, o convite que faço é pensar na digitalização da gestão de energia como aliada para controlar o consumo e confirmar a redução de custos e de desperdício desse recurso fundamental que é, ao mesmo tempo, uma das estrelas Custo Brasil.
Levantamentos recentes apuram que mais de 40% da energia fornecida às indústrias no Brasil é desperdiçada. Consideramos agora o tamanho do desperdício em setores que demandam grandes quantidades de energia, como a indústria petroquímica, e a consequente perda financeira. Há estudos que indicam que o custo da energia pode chegar a 60% do custo total da produção de itens químicos básicos.
Apesar de assustadores, os números não devem desanimar. Pelo contrário, eles podem ser considerados um argumento irrefutável de que automatizar e digitalizar o controle do consumo de energia é mais do que necessário, é inevitável, representando oportunidades de melhorias de eficiência energética
As soluções para reverter custo em ganho existem e estão disponíveis no mercado. Uma delas é o ABB Process Power Manager rodando dentro do DCS da ABB o System 800xA, que automatiza reações e oscilações do fornecimento de energia com base na prioridade ou criticidade da operação. Com o PMS, o operador salta em eficiência ao gerenciar e manter funções e ativos tanto para geração, no caso de plantas onde a cogeração já é uma realidade, quanto para distribuição e fornecimento de energia dentro da indústria.
Sem energia para paradas não programadas
Uma pesquisa global encomendada pela ABB em julho deste ano revelou que dois terços das empresas do segmento industrial sofrem paradas não planejadas pelo menos uma vez por mês, o que representa um custo médio de US$125 mil por hora paralisada.
A redução do tempo de paradas não planejadas é outro ganho indiscutível que a automação e digitalização permite às indústrias. Isso porque com dados de qualidade sobre o ciclo de vida dos ativos e sobre o fornecimento da energia, as informações sobre a operação são mais assertivas e as paradas podem ser planejadas com base em histórico para evitar perdas financeiras e de tempo significativas.
Na prática, tecnologias como a do ABB Process Power Manager permitem uma ampla visão da geração e do consumo de energia, retornam dados funcionais sobre ativos, controladores e informam o operador para que ele tome a decisão certa sobre a operação, e no momento certo.
É por meio da digitalização e automação que as demandas da indústria por uma oferta de energia confiável e estável podem ser supridas. E com a digitalização também do controle de consumo, as empresas brasileiras conseguem combater os altos custos de produção e avançar com confiança para um novo patamar de competitividade.
Sobre o autor
Antonio Carvalho, Digital Lead no segmento de Energy Industries na ABB Automação