As tecnologias digitais para controle remoto de plataformas de petróleo estão em ascensão. Cerca de dois anos atrás, a Petrobras anunciou que estava desenvolvendo tecnologia para monitorar remotamente suas unidades mais remotas, como no caso do pré-sal.
No cenário global cresce o uso de embarcações não tripuladas, veículos autônomos e drones nas operações de petróleo. Um dos casos é a plataforma de poço não tripulada Oseberg H, da Equinor em parceria com a TotalEnergies na Noruega, em que profissionais embarcam uma vez ao ano para fazer testes pontuais localmente e ver se os equipamentos necessitam alguma atualização.
Os ganhos com a operação remota já são bem conhecidos pela indústria: menos tempo de paradas, o que previne perdas financeiras para a operação, redução de custos administrativos com viagens e deslocamento de operadores, e mais eficiência no comissionamento.
Existe, no entanto, um outro tipo de ganho que acompanha os benefícios de uma operação digitalizada e operacionalizada remotamente que é essa importante transferência de conhecimento que os dados coletados nesse tipo de operação permitem. Já disse em outras ocasiões nesse fórum da ABB o quanto a digitalização aumenta a performance da produção, mas o setor em geral também ganha com a extração correta e circulação segura de dados. E isso vai além dos números reais porque toca diretamente na área do conhecimento.
A ABB, que está presente em cerca de 30% das principais unidades produtoras de petróleo do Brasil, tem contribuído para otimizar essas operações com gestão digitalizada de ativos e do consumo de energia. E no decorrer do desenvolvimento de tecnologias têm cada vez mais ocupado espaço, tanto no setor quanto na atuação da ABB, os sistemas automatizados que não necessitam presença humana, com possibilidade de manutenção remota por meio da digitalização.
É seguro dizer que o mercado de petróleo e gás caminha para uma realidade cada vez mais baseada em dados de qualidade. E são os dados que vão ser a base dos novos conhecimentos que vão possibilitar ao setor ampliar não só a sua capacidade de produção como também diversificar em operação e negócios, algo que se tornou elemento de sobrevivência para essa indústria diante da necessidade de diminuir emissões e de inovar em meio ao crescimento das energias renováveis.
Apesar de a Agência Internacional de Energia (AIE) estimar o pico da demanda por petróleo em 2029, no ano seguinte, em 2030, espera-se que haja um excedente de oferta do combustível na casa dos 114 milhões de barris por dia (bpd). Isso é reflexo de um contexto global de acordos para redução das emissões e aumento do uso de energias renováveis. E nesse contexto, a aplicação do conhecimento adquirido com base em dados pode ajudar o setor pelo menos em duas frentes: desenvolver processos mais sustentáveis na cadeia como um todo e continuar suprindo a demanda por energia, assim como a demanda pela matéria-prima para a indústria em geral, do brinquedo à beleza, como já disse em outra ocasião.
Inteligência na gestão de ativos de petróleo
As tecnologias que permitem gestão remota são a peça que falta para fazer acontecer esse intercâmbio de conhecimento dentro do mercado de petróleo. Elas já existem, estão em operação e precisam ser encaradas também como uma fonte de conhecimento.
É o caso do ABB Ability™ Remote Diagnostic System (RDS), uma solução que abrange desde o monitoramento da operação até a formulação de diagnósticos, ancorada em uma plataforma de dados sobre condições dos ativos, dos sistemas mecânicos e elétricos. São dados que possibilitam o suporte e resolução de situações remotamente.
O sistema neural do RDS é desenvolvido para monitorar e diagnosticar condições da plataforma a partir da extração, armazenamento e análise de dados tanto de componentes individuais quanto de subsistemas e soluções integradas completas.
O RDS é um exemplo de como a inteligência na gestão e no controle de operações de petróleo leva o setor a romper com fronteiras. Seja em solo ou águas, fato é que o mar de dados que estamos criando pode responder às pertinentes questões sobre como produzir e competir em um contexto global tão dinâmico quanto o de nossa atuação.
Sobre o autor
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Renato Martins, Diretor da Divisão de Energia no Brasil